É comum, para nós educadores, quando abordamos a maneira como as famílias utilizam os jogos com regras com os filhos escutarmos durante uma reunião entre pais e professores relatos como: “sempre deixo ele ganhar”, “lá em casa nem jogamos mais, ela sempre sai chorando”, “são muito pequenos para entender as regras”. Diante de tantas dúvidas, este é um tema que já faz parte do meu cotidiano em conversas com amigos, pais de alunos e até em grupos de redes sociais.
A importância do desenvolvimento infantil
Enquanto escuto, reflito sobre as dificuldades que podemos encontrar ao propor a utilização de jogos com regras para crianças entre 4 e 6 anos. Existe, é claro, as habilidades propostas pelo modelo escolhido. Porém, esta questão dificilmente surge em nossas conversas.
É importante compreender que as crianças na primeira infância estão em desenvolvimento contínuo, não só cognitivo, como social e emocional. E, por este motivo, podem não encontrar recursos para superar dificuldades, gerir sentimentos e até mesmo verbalizar com eficácia o que desejam, sentem ou buscam. Vygotsky, teórico e pesquisador dos processos de aprendizagem, afirma que as crianças devem atuar no meio e ter a possibilidade de confirmar suas hipóteses diante do desafio encontrado. E, desta forma, aumentar seu repertório conceitual e afirmar os conhecimentos que adquiriu para si.
Estratégias para auxiliar as crianças pequenas nos jogos com regas
Podemos partir deste pensamento e trazê-lo para o contexto dos jogos de regras. Quando nos antecipamos às reações que as crianças podem ter diante do desafio podemos pensar em algumas estratégias para mediar a reação e assim auxiliar a criança, na primeira infância, a avançar em seu pensamento, comportamento ou compreensão.
Em uma partida de um jogo com regras é importante que a criança viva todas as emoções e situações sociais pertinentes aquele momento: alegria, frustração, euforia, limites e o desenvolvimento da habilidade atribuída ao jogo. Cabe a nós adultos, darmos o suporte necessário para que a criança tenha as ferramentas que a auxiliem no gerenciamento destas emoções. É fundamental validarmos o sentimento, aguardar o momento propício para mediação, dizer ou mostrar para a criança quais outras opções de reações ela teria naquele momento. E assim, tornar efetiva a aprendizagem.
Os benefícios da prática dos jogos com regras
Após a leitura de Vygotsky, entre outros pesquisadores, entendo que o lar é um espaço de relações e construção de conhecimento seguro e propício para superarmos dificuldades. Desta forma, indico que os jogos com regras estejam presentes no trilhar da vida de crianças pequenas e suas famílias.