A presença do ensino da música, na rotina escolar é uma discussão atual que traz novas perspectivas para a educação e um novo olhar para o currículo estimulando a prática por meio das brincadeiras musicais.
O trabalho de música, deve ser parte integrante do processo de educação, pois abrange de forma global o desenvolvimento do ser e especialmente na infância, desperta e integra as diversas habilidades, bem como contribui para a saúde emocional da criança.
Permite desenvolver ritmo, pulso e movimento, além de ser uma poderosa linguagem a contribuir para o desenvolvimento da expressão linguística e artística.
Experiência na prática das brincadeiras musicais
Há 15 anos atuo como professora em uma escola de educação infantil, e há 10 anos como professora de musicalização. Desde então acompanho formações, cursos e conclui minha pós-graduação em Educação Musical, buscando compreender como fazer a música da infância ecoar, ser presente e carregada de sentido, permeada pelas vivências e brincadeiras musicais.
Nesta escola em que atuo, há o objetivo e a vontade de partilhar as práticas educacionais musicais realizadas, bem como refletir a respeito dos benefícios que a musicalização infantil proporciona para uma educação integral, tanto para as famílias quanto para todos os educadores envolvidos.
Estas práticas resultaram em CDs gravados com crianças, bebês e educadores, que nele registraram as vivências e as memórias musicais da escola, bem como resgate de brincadeiras da infância.
Segundo o pedagogo musical Carl Orff, a criança deve ser respeitada em sua individualidade e identidade, cada criança traz seu próprio ritmo e cultura.
Há em nós humanos uma capacidade artística e criativa que deve ser despertada e a escola é a mediadora destas potencialidades principalmente ao desenvolver a música.
Ainda Orff contribui com uma pedagogia pautada em corpo, movimento, voz e improviso, respeitando a criação espontânea da criança perante os instrumentos, sons e vivências propostas.
A importância da música para as crianças pequenas
Com base em nossas vivências ao longo dos anos, notamos a necessidade da criança, ainda que bem pequena, em experimentar, explorar e agir sobre os sons, os timbres, objetos sonoros, e assim compor sua própria música.
Neste aspecto a continuidade das cantigas e brincadeiras musicais se faz necessária no cotidiano tanto escolar como também no familiar.
Com base em relatos de famílias, educadores vimos então a importância de contribuir com vivências significativas e brincadeiras musicais, que muitas vezes já o fazemos e não percebemos no dia a dia.
Quando uma criança bate uma colher na outra, ou em um pote, panela, este produz um som e este som para ela faz sentido e música.
Ao sairmos do senso comum, percebemos que esta sonoridade criada pela criança é um improviso musical que pode ser ampliado com uma melodia e harmonia.
As brincadeiras musicais contribuem significativamente para o desenvolvimento rítmico, arranjo e composição. “Crianças muito pequenas percebem sutilezas de sons que depois ficam sumidas, e isso acontece espontaneamente […]” (FONTERRADA, 2012).
Quanto mais conhecimento a respeito do desenvolvimento e de como as sinapses cerebrais se formam a partir de um novo som, mais facilidade em apoiar e motivar o aprendizado do bebê, da criança.
“Representar sonoramente um bater de portas, o trotar de cavalos, a água correndo no riacho, o canto dos sapos e, enfim, a diversidade de sons presentes na realidade e no imaginário das crianças é atividade que envolve e desperta a atenção, a percepção e a discriminação auditiva.”
Teca Alencar de Brito
Compor em família, descobrir sons e brincadeiras com o corpo, desenvolver brincadeiras musicais com canções e movimentos pode ser uma experiência instigante e marcante, construindo memórias afetivas e cognitivas para a vida.